terça-feira, 29 de março de 2011

Portugal no século XIII

No reinado de D. Afonso III [1245(48)-1279] foi conquistado, definitivamente, o Algarve (1249). Por isso esse rei foi o primeiro a usar o título de “Rei de Portugal e do Algarve”.

Tratado de Alcanises:

Em 1297, D. Dinis (Portugal) e D. Fernando (Castela) assinaram o Tratado de Alcanises que estabeleceu as fronteiras de Portugal que, à excepção de Olivença, são as mesmas da actualidade.

Assim Portugal ficou, desde logo, com os actuais limites: Espanha a norte e a este e Oceano Atlântico a oeste e a sul.

Em relação a Espanha Portugal está separado por uma fronteira que, em alguns casos, é natural (rios) e noutros artificial (política) que resulta da colocação de marcos que estabelecem os limites de cada país.


Portugal no século XIII

A distribuição das terras e os grupos sociais

O ambiente de guerra em que Portugal se formou influenciou a organização da sociedade portuguesa.

À medida que reconquistavam terras aos mouros, os nossos primeiros reis encontravam muitas povoações abandonadas e muitas terras devastadas.

Como recompensa pela ajuda prestada na guerra, e para as povoar, defender e fazer cultivar, os reis doavam terras aos nobres e às ordens religiosas (clero).

Formaram-se assim grandes domínios onde o povo trabalhava.

A sociedade portuguesa do século XIII é pois formada por 3 grupos, com direitos e deveres diferentes: a nobreza e o clero (grupos privilegiados):

- não pagavam impostos;

- possuíam extensas propriedades;

- tinham o poder de aplicar justiça e cobrar impostos; - tinham exército próprio;

- e o povo, o grupo mais desfavorecido, que executava todo o tipo de trabalho e pagava impostos.

As características naturais do Reino

O relevo – grande diferença entre o Norte e o Sul.

Norte: Terras altas – predominam os planaltos e as serras (Gerês, Peneda, Marão, Estrela, etc.); No litoral predominam as pequenas planícies costeiras.

Sul: Zona de terras baixas e planas – grandes planícies aluviais (Tejo e Sado) e a planície ondulada alentejana. No interior as terras são de maior altitude – algumas serras (S. Mamede) e planaltos.

Os rios:

- correm para o Atlântico;

- seguem a inclinação do relevo (as terras mais altas ficam no interior);

- há mais rios a Norte que a Sul;

- os rios do norte têm um caudal maior (quantidade de água que um rio leva num determinado local e tempo) porque a precipitação é aí mais elevada;

- os rios têm caudal variável, podendo apresentar cheias ou períodos de seca.

No século XIII, os rios:

- eram navegáveis até muito longe da foz;

- eram aproveitados como via de comunicação (um geógrafo chamou-lhes “estradas que andam”);

- tinham poucas pontes e, por isso, em muitos lugares, havia barcas de passagem;

- com o passar dos tempos, foram ficando assoreados e cada vez menos navegáveis.

O clima

Norte Litoral: precipitação abundante; temperaturas amenas.

Norte Interior: pouca precipitação; Invernos muito frios e com neve; Verões quentes e secos.

Sul: pouca precipitação; Verões quentes; Invernos Suaves.

A vegetação

No século XIII, a vegetação natural (aquela que nasce sem intervenção humana) já estava muito modificada por causa da agricultura e da pastorícia.

Nessa época, Portugal estava coberto de florestas, onde havia pequenas clareiras com aldeias e campos cultivados.

No Norte, predominavam florestas muito densas com carvalhos, castanheiros, choupos e freixos (árvores de folha caduca).

No Sul, mais quente e seco, havia florestas menos densas, com árvores de folha persistente, como a azinheira, o sobreiro, etc.

Nas zonas alagadiças existiam pântanos com canaviais e salgueiros. Nestas zonas havia muitas doenças como a lepra.

Portugal vivia principalmente da agricultura: cereais, vinho e azeite eram os 3 principais produtos do lavrador português.

A produção do trigo não chegava, em regra, para alimentar a população.

Nas zonas litorais, a pesca e o sal (salicultura) desempenhavam lugar de relevo tanto na alimentação comum como na prática do comércio.

A indústria não existia.

O próprio artesanato era reduzido e confinado às necessidades de consumo: fabricavam-se artigos de vestuário, calçado, objectos de ferro, madeira e barro, alfaias domésticas e agrícolas, e pouco mais.

Principais produtos explorados:

Agricultura: vinho, cereais, legumes, frutos, azeite, linho

Pecuária: carne, lã, leite, ovos

Apicultura: mel e cera

Silvicultura: madeira, cortiça, lenha, bolota

Pesca e Salicultura: peixe, marisco, sal.

Artesanato

Nas zonas rurais, as principais actividades artesanais eram o fabrico de utensílios em madeira e barro e a tecelagem.

Nas cidades, os artesãos (oleiros, tanoeiros, sapateiros, cesteiros, etc.) organizavam-se por ruas de acordo com a sua especialidade. As suas oficinas eram simultaneamente lojas onde vendiam os seus produtos ao público.

Comércio

O comércio interno (troca dentro do país) praticava-se sobretudo através dos almocreves (comerciantes ambulantes) e nas feiras.

O comércio externo era feito sobretudo por via marítima. Exportava-se (vendia-se para o estrangeiro) sobretudo sal, vinho e azeite. Do estrangeiro, importava-se tecidos, açúcar, produtos de luxo e armas que se destinavam à Corte, nobreza e clero.

Devido aos lucros do comércio, sobretudo o externo, muitos membros do povo enriqueceram, dando origem a um novo grupo social: a burguesia.


Portugal no século XIII

A vida quotidiana nas terras senhoriais

A nobreza tinha sobretudo funções guerreiras.

Participou com os seus exércitos na Reconquista, ao lado do rei, recebendo em troca rendas e terras.

O senhorio era pois a propriedade de um nobre na qual viviam camponeses livres e servos.

As terras do senhorio estavam divididas em duas partes: a reserva, explorada directamente pelo senhor e onde trabalhavam os servos e criados; e os mansos ou casais, parcelas arrendadas a camponeses livres em troca de rendas pagas ao senhor.

O senhor tinha grandes poderes sobre quem vivia no senhorio (terra do senhor): cobrar impostos, fazer justiça, ter um exército privado...

Quando não estava em guerra, o senhor nobre ocupava-se a dirigir o senhorio e a praticar exercícios físicos e militares (caça, equitação, exercícios desportivos).

Organizava festas e convívios onde, para além do banquete, se tocava, cantava e dançava. Estas festas eram animadas por trovadores e jograis. Jogava-se xadrez, cartas e dados.

A dama nobre bordava, passeava e governava a casa.

A maioria dos camponeses vivia nos senhorios.

Trabalhava muitas horas, de sol a sol, e de forma muito dura.

Do que produzia, uma grande parte era entregue ao senhor, como renda.

Devia ainda prestar ao senhor outros serviços, como a reparação das muralhas do castelo, e pagar outros impostos, como os que devia pela utilização do moinho, do forno ou do lagar.

Vivia em aldeias próximo do castelo/casa do senhor. Morava em casas pequenas, de madeira ou pedra, com chão de terra batida e telhados de colmo. Estas casas tinham apenas uma divisão.

A base da alimentação do povo era o pão e o vinho, legumes, ovos, toucinho, queijo... Peixe e carne só muito raramente, geralmente em dias de festa.

O seu vestuário era simples, em tecidos grosseiros (linho, lã), fiados e tecidos em casa.

A vida quotidiana nas terras do clero (mosteiros)

Tal como a nobreza, o clero era um grupo social privilegiado.

Tinha a função de prestar assistência religiosa às populações.

Tinha grandes propriedades que lhe haviam sido doadas pelo rei ou por particulares e não pagava impostos.

Tal como a nobreza, exercia a justiça e cobrava impostos a quem vivia nas suas terras.

Os monges dedicavam a sua vida a Deus.

A sua principal actividade era o serviço religioso: Meditar; Rezar; Cantar cânticos religiosos.

O clero dividia-se em dois grupos: o clero regular (todos os que viviam numa ordem religiosa, num mosteiro) e o clero secular (bispos e padres).

No mosteiro, para além de cumprirem as regras impostas pela Ordem a que pertenciam, os monges dedicavam-se:

- ao ensino (escolas monacais, junto aos mosteiros e episcopais junto às sés catedrais);

- à cópia e feitura de livros (com iluminuras); à assistência a doentes e peregrinos.

Em algumas Ordens, os monges dedicavam-se também ao trabalho agrícola nas terras do mosteiro.

Algumas Ordens eram militares, tendo combatido contra os Mouros.


Para treinar:
http://www.eb23-cmdt-conceicao-silva.rcts.pt/sev/hgp/7.actividades_economicas_cloze.htm

3 comentários:

Anónimo disse...

obg por pÔr materia no blog,stor.
diogo simoes

Anónimo disse...

Obrigado também stor
Mas estava aqui a fazer a revisão da matéria final e surgi-me uma dúvida de última hora:
Os rios depois de terem deixa-do de serem navegáveis por causa da acumulação da areia .as areias eram trazidas…….(é pelos rios a resposta)
constaça

Anónimo disse...

Obrigada por o prof pôr a matéria no blog, porque assim vamos ter todos boa nota!!!
Joana Filipa